16 Outubro 2018
Rússia: cisma "catastrófico", "agora algo terrível vai começar". Poroshenko: uma vitória do bem sobre o mal. Tweet de 11 de outubro de 2018: Constantinopla concede a independência a Kiev, mas as decisões do Sínodo em Istambul e do Patriarca Bartolomeu irão causar danos "catastróficos", primeiro para os fiéis. A declaração vem do secretário de imprensa de Kirill, Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, o sacerdote Alexander Volkov. E os tons são mais dramáticos que o normal. "A situação que estamos enfrentando agora é absolutamente sem precedentes e absolutamente nova para todos", disse Volkov.
"Este é um rompimento completo com a tradição e a percepção da religiosidade, e, naturalmente, tudo o que Constantinopla está decidindo agora irá causar danos catastróficos, em primeiro lugar, para os ortodoxos na Ucrânia. Porque agora vai começar algo terrível." "É uma vitória do bem sobre o mal, da luz sobre as trevas", declarou ao contrário o presidente ucraniano, Poroshenko, saudando o evento como "histórico" e aguardado por mais de 330 anos. Trata-se do fim da "ilusão imperialista e das fantasias chauvinistas" de Moscou, acrescentou Poroshenko.
A reportagem é publicada por RaiNews, 11-10-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
De acordo com numerosos analistas, alcançar esse objetivo, há muito perseguido pela presidência ucraniana, poderia fortalecer a posição de Poroshenko em vista das eleições presidenciais do próximo ano. A reunião do Santo Sínodo do Patriarcado de Constantinopla presidido pelo Patriarca Bartolomeu, que começou terça-feira, 9 de outubro, e terminou na sexta-feira, na verdade abre uma fase cismática de amplas proporções. E isso já poderia ser previsto. O programa não havia sido divulgado. No entanto, na Ucrânia, esperavam que os resultados do encontro levassem à decisão sobre a apresentação da autocefalia (independência) à igreja ucraniana.
A autocefalia da igreja ucraniana significa completa independência, depois de ter sido autônoma por mais de mil anos, mas dentro do Patriarcado de Moscou. A decisão provocou aquilo que em vários lugares já foi definido como um cisma e que também pelo Vaticano é monitorado com atenção. Um sinal de que Bartolomeu estava pronto para resolver pelo lado de Poroshenko, de acordo com o próprio presidente da Ucrânia, foi a chegada na Ucrânia dos exarcas (enviados) do patriarca.
Os exarcas de Bartolomeu, eram o arcebispo Daniel Pamphilia dos EUA e o bispo Hilarion de Edmonton do Canadá, e estavam na Ucrânia especificamente para preparar a concessão de autocefalia à Igreja Ortodoxa Ucraniana. A Igreja Ortodoxa Russa considera a Ucrânia seu território canônico. "Estamos dizendo que essas decisões não-canônicas de hoje do Patriarcado de Constantinopla dizem respeito ao destino de milhões de pessoas, milhões de crentes, principalmente na Ucrânia e no mundo ortodoxo em geral, uma vez que esta é uma tentativa de minar as bases do sistema canônico de toda a ortodoxia", declarou o chefe do Departamento Sinodal do Patriarcado de Moscou para as relações da Igreja com a sociedade e a mídia, Vladimir Legoyda. No início de setembro o Metropolita russo Hilarion usou a palavra "ameaça", declarando que em Moscou "não reconhecemos essa autocefalia. E não teremos outra escolha a não ser interromper a comunicação com Constantinopla", particularmente após a nomeação do arcebispo Daniel de Pamphilia e do bispo Hilarion de Edmonton como exarcas em Kiev. Além disso, durante uma reunião em Londres, o arcebispo de Chicago e América Central, Peter, em particular, falou sobre seu recente encontro com o Patriarca de Jerusalém e toda a Palestina, Teófilo III, que expressou a ele o sua surpresa com a decisão do Patriarcado de Constantinopla de enviar exarcas para a Ucrânia.
Enquanto isso, Moscou acusou o presidente Poroshenko de tentar obter o reconhecimento das estruturas religiosas não-canônicas e a criação de uma única igreja local autocéfala na Ucrânia. Anteriormente, o Patriarcado de Constantinopla, "em preparação para a concessão da autocefalia", nomeou seus exarcas em Kiev.
Além disso, o patriarca Bartolomeu de Constantinopla declarou que pretendia entregar a autocefalia à Ucrânia. A Igreja Ortodoxa Russa, por sua vez, leva adiante o atual "rompimento de relações diplomáticas" com o Patriarcado de Constantinopla. O Sínodo da Igreja Russa anunciou que não mais vai recordar do Patriarca Bartolomeu durante as cerimônias religiosas.
Além disso, foi decidido retirar-se das estruturas onde os representantes do Patriarcado de Constantinopla aparecem. Na Ucrânia atualmente existem três igrejas: a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou que de acordo com o Ministério da Cultura da Ucrânia, no início de 2017 tinha a disposição em todo o país 11.392 igrejas e catedrais, bem como 12.328 comunidades de crentes. O Patriarcado de Kiev, por sua vez, tem 3.784 igrejas e 5.114 comunidades. A terceira maior comunidade na Ucrânia é a Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana: tem 1.195 comunidades e 868 templos.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Patriarca Bartolomeuː sim à independência dos ortodoxos da Ucrânia da Rússia. E Moscou enfurece - Instituto Humanitas Unisinos - IHU